minhas personagens vivem dentro de mim.

# elizabeth,
Oh, garota sombria e sem sombra, que vive sem viver, você assusta seus vizinhos com suas músicas gritadas, choca seus conterrâneos quando beija outras meninas, envergonha seus pais com suas roupas vulgares. E você passa horas se arrumando e sua aparência piora, passa dias sem comer e sua pele se esverdeia como um pedaço de pão, passa meses quase que sem ver a luz do sol e apenas a escuridão te ilumina, passou-se anos desde que era uma menininha. Sentisse obrigada em dizer para as pessoas suas frases tortuosas, aquelas que diz como se visse a alma de cada um e isso te esgota, te enfraquece. Você viveria uma eternidade e morreria para sempre, seus dias são igualmente diferentes. E todos querem te entender, poucos querem te ajudar, muitos querem rir de você, mas quem ri é você. Caminha sobre as linhas de seu sangue que escorrem pelo chão, você se corta como se fosse um sacrifício divino, como se aliviasse os teus pecados.
(heitor)

# heitor,
Sei o quanto te magôo com meus olhares, com minhas mãos deixas de calos e com meus abraços tão sem amor, não imagine que não sinto nada, você mal sabe o que se passa aqui dentro de meu corpo, e não te culpo por isso. Ninguém me vê além da casca que esconde meu eu, porque esse rosto não sou eu, muito menos essa pele podre. E é como se com você me sentisse protegida, mesmo sabendo que não pode fazer nada por mim, eu entendo que sinta minha ausência mesmo eu estando tão perto. Você é diferente dos outros garotos e me olha estranho, mas não como as outras pessoas, não sente pena de mim, mas também não sei dizer o que sente. Eu pouco sei de sentimentos e não sei defini-los.
(elizabeth)

apenas eu sei quantas pessoas diferentes estão em mim e apenas eu sei como elas são e porque existem.